Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar-te eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte.)
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.
in Câmara Ardente
Miguel Torga
«Gosto particularmente desta poesia!»
quinta-feira, 4 de agosto de 2005
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3 comentários:
Adoro este poema! Tem muito significado para mim... obrigada por o ter posto aqui :-)
Também eu adoro Marta, por isso o coloquei aqui. ;) E que bom que temos um gosto comum... Apareça mais pelo 'verdades e poesias' com seus comentários. Beijos
Revejo-me neste poema. Gostei. Ajuda-me ver as minhas emoções, fonte de tanta dor, passadas para palavras, tornando-as mais tangíveis.
Nuno
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