sábado, 13 de agosto de 2011

A casa onde às vezes regresso é tão distante

A casa onde às vezes regresso é tão distante 
da que deixei pela manhã 
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados 
mas chove sem parar há muitos anos  
Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai 
uma viagem se deu 
entre as mãos e o furor 
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada 
sobre o corpo  
Tivesse ainda tempo e entregava-te  
o coração

José Tolentino Mendonça